JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
A Associação CasaViva, fundada em abril de 1996, é uma entidade de direito privado, filantrópica e sem fins lucrativos. Atualmente, a CasaViva divide suas ações em duas perspectivas: a primeira, alinhada à reforma psiquiátrica, que põe fim ao histórico de maus tratos dentro dos hospitais psiquiátricos, supostamente responsáveis pelo cuidado de pessoas com transtornos mentais, mas que promoveram a barbárie para com seus usuários num passado próximo. A segunda perspectiva de ação institucional se concretiza, então, na mobilização de equipes multidisciplinares para o tratamento dos usuários de drogas, contando com um escopo atual de cinco projetos distintos, destinados à ações plurais que abarcam as toxicomanias.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Capacitação "Redução de Danos: saúde e cidadania" - DIA 17 DE NOVEMBRO



Christiane Zeitoune
O segundo dia da Capacitação em Redução de Danos teve início com a apresentação de Christiane da Mota Zeitoune, psicóloga do Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas do Estado do Rio de Janeiro. Ela apresentou o trabalho de escuta psicanalítica sob a perspectiva da redução de danos, demonstrando a prática das conversações realizadas por ela com os menores infratores e seus familiares.
 
Priscila Oliveira


Em seguida, a psicóloga do projeto “A Adolescência na Ciranda da Vida: vivendo arte e compartilhando experiências”, Priscila Oliveira, apresentou o trabalho realizado com as adolescentes nas oficinas terapêuticas do Centro de Acolhimento à Infância e à Adolescência (CAIA/JF) e que tem como particularidade o trabalho de prevenção de DST/AIDS em associação com a arte e a psicanálise aplicada.
  






Douglas Nunes Abreu


Finalizando a mesa, Douglas Nunes Abreu, diretor técnico da CasaViva e do CAIA/JF, realizou uma explanação sobre “Quais danos queremos reduzir?”. Ele defendeu a ideia de que a drogadição é uma tentativa de tratamento do dano e do desamparo estrutural de cada sujeito, mas que sucumbe a palavra. Assim, um analista deve estar no mundo como analista cidadão para permitir e convocar o surgimento da palavra.   


 
Em seguida, Maiquel Fouchy, coordenador da GESTO, e as redutoras de danos da GESTO, Iracema Sant’Anna e Rosângela Vieira, organizaram a Oficina de Articulação dos Eixos Temáticos, na qual pequenos grupos de profissionais da assistência social e da saúde foram separados para realizar projetos que visassem ações de redução de danos em projetos e programas. Esse momento foi importante para que profissionais de diferentes serviços e instituições pudessem trocar experiências, informações e planos de ação.

Maiquel Fouchy

Márcia Colombo, Consultora Técnica do Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais, realizou uma importante conferência apontando que o uso de drogas é um sintoma social complexo e multifatorial. Ela ressaltou que a abstinência não é uma exigência para acesso e atenção integral no âmbito do SUS e que é preciso pensar em novos instrumentos e tecnologias de intervenção a partir das vivências. Entre os desafios apontados por Márcia Colombo está a formalização da atuação do redutor de danos na rede de intervenção para que haja o compartilhamento de experiências e saberes.
Na mesa “Redutores de Danos”, Walter Cesário, redutor de danos da Associação CasaViva, falou sobre o trabalho de redução de danos com os profissionais do sexo nas ruas de Juiz de Fora. Ele demonstrou que dos 127 profissionais do sexo cadastrados no projeto, 78% são usuários de álcool e 6% são usuários de crack. Walter Cesário apresentou ainda os impasses e os avanços encontrados nos três meses de intervenções semanais através da “Rota da Camisinha”. Em seguida, Maria Lúcia Antônio, coordenadora do Grupo Solidariedade, de Belo Horizonte, apresentou a experiência da instituição em relação à redução de danos, apontando os resultados alcançados e as dificuldades a serem superadas. Entre os resultados estão o acesso e a receptividade dos usuários de drogas e das comunidades e a interlocução com as Unidades Básicas de Saúde. Para Maria Lúcia Antônio, entre as dificuldades estão o reconhecimento e efetivação da redução de danos como política pública de saúde e a sustentação de ações de advocacy.
Para encerrar o evento, contamos com a emocionada homenagem que José Eduardo Amorim proferiu a família de Wulmar dos Santos Bastos Junior. Com lembranças e palavras que tocaram a todos os presentes, ele lembrou a importância de Wulmar Bastos Junior para a redução de danos e do sentimento de paternidade com que ele acolhia seus amigos e parceiros de trabalho. Presenciaram essa homenagem Regina Bastos e seus filhos Igor e Laís e também os pais de Wulmar, D. Marli e Dr. Wulmar.
  
José Eduardo Amorim com Dr. Wulmar e D. Marli

Após essa homenagem, a banda Os Impacientes, do CAPS CasaViva, finalizou o evento com singular espontaneidade, cantando músicas próprias, entre elas “Doidão” e “Caia na Real”, que foram dedicadas ao Gestor de Saúde Mental José Eduardo Amorim e ao homenageado Wulmar dos Santos Bastos Junior.  

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