JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
A Associação CasaViva, fundada em abril de 1996, é uma entidade de direito privado, filantrópica e sem fins lucrativos. Atualmente, a CasaViva divide suas ações em duas perspectivas: a primeira, alinhada à reforma psiquiátrica, que põe fim ao histórico de maus tratos dentro dos hospitais psiquiátricos, supostamente responsáveis pelo cuidado de pessoas com transtornos mentais, mas que promoveram a barbárie para com seus usuários num passado próximo. A segunda perspectiva de ação institucional se concretiza, então, na mobilização de equipes multidisciplinares para o tratamento dos usuários de drogas, contando com um escopo atual de cinco projetos distintos, destinados à ações plurais que abarcam as toxicomanias.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

DELINEAMENTO HISTÓRICO DAS AÇÕES



A Associação CasaViva foi fundada num esforço conjunto de profissionais e usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), incluindo seus familiares e demais pessoas interessadas pela causa. De forma pragmática, as ações se traduziram na busca e no acompanhamento sistemático junto às políticas públicas existentes, intermediadas pela rede SUS e SUAS, para promover e assegurar o acesso do cidadão doente mental e usuário de drogas ao tratamento adequado. Sob a prerrogativa da reforma psiquiátrica, a instituição ganhou força com as legislações que punham fim às décadas de segregação e maus tratos dos usuários trancafiados e contidos por muros institucionais, que camuflavam o descaso e a violação de direitos do cidadão em questão.
Com efeito, a instituição destinou-se também à prevenção do uso de drogas e dos efeitos danosos à saúde decorrentes de seu consumo, como nos casos de contaminação pelo HIV/AIDS e outras doenças infectocontagiosas. Isso somou-se aos cuidados sistemáticos da CasaViva com as vulnerabilidades sociais e criminais as quais esses usuários frequentemente se expõem.
Várias parcerias foram possíveis com outras ONGs, com a iniciativa privada, com as três instâncias de governo e com a rede SUS e SUAS. Um passo importante foi à conquista do caráter de Utilidade Pública através da Lei n°.09.308 de 01/07/1998. Para enfrentamento da epidemia de HIV/AIDS, em1999, a Associação teve como uma das suas principais iniciativas o início do trabalho conjunto com o Programa Nacional de DST/AIDS e o UNDCP (Programa das Nações Unidas de Controle de Drogas). Através dessas parcerias implantou-se o projeto de Redução de Danos, destinado aos usuários de drogas do nosso município. Nesse mesmo ano, a Associação CasaViva aprovou, na Conferência Municipal de Saúde Mental, a tese de criação da Política Municipal de Redução de Danos, oficialmente destinada à prevenção, à promoção e ao tratamento dos usuários de drogas injetáveis, de crack e outras drogas.
Segundo o PN DST/AIDS, a Redução de Danos de Juiz de Fora, através da Associação CasaViva, desempenhou papel fundamental no enfrentamento à epidemia do HIV/AIDS no cenário nacional, com ênfase nas qualidades das ações e no pioneirismo, por realizar o primeiro projeto de Redução de Danos no Estado de Minas Gerais. A Associação CasaViva executou ainda o primeiro projeto brasileiro, em parceria com o PN DST/AIDS e UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime), a fornecer cachimbos industrializados para a população usuária de crack, em 2001, antecipando-se quanto a problemática contemporânea.
Nesse mesmo ano, a Associação CasaViva foi responsável pela implementação do Projeto Profissionais do Sexo: Cidadania e Saúde, com ênfase na perspectiva de Redução de Danos. Em 02/04/2002, a CasaViva participou ativamente da aprovação da Lei Municipal n°. 10.190 que instituiu o projeto de Redução de Danos na cidade. A Lei garantiu a prevenção e a redução da transmissão de doenças entre os usuários de drogas, através de distribuição gratuita de preservativos, seringas/agulhas e outros insumos, campanhas educativas e encaminhamento dos usuários de drogas e de sua rede de interação social aos serviços de saúde.
Em 2005, a CasaViva fundou o Centro de Convivência Entre Nós em um local de intenso comércio e consumo de drogas. No Centro de Convivência, foram realizados atendimentos psicológicos, oficinas de geração de trabalho e renda, oficinas de arte e outras atividades sociais agregadoras. Essas atividades psicossociais eram direcionadas para usuários de drogas, seus parceiros sexuais e sua rede de interação social, incluindo os filhos menores de idade.
Em agosto de 2010, a CasaViva executou o Projeto “Redução de Danos e a Prevenção Global: uma nova perspectiva”, em convênio com a Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Este trabalho teve como objetivo oferecer atenção e apoio psicossocial a profissionais do sexo e às pessoas que consomem drogas (injetáveis ou não), que vivem e/ou convivem com o HIV/AIDS (ou não), assim como para seus familiares, amigos, clientes e parceiros sexuais na finalidade de melhoria da qualidade de vida da população beneficiada, contribuindo, dessa forma, para a redução de fatores de vulnerabilidade frente à contaminação pelo vírus HIV/AIDS e de outras doenças infecto contagiosas (Redução de Danos Ampliada). Ao longo desse trabalho, a equipe da CasaViva constatou ainda uma dificuldade da população em situação de rua no recurso aos serviços de atendimento e orientação em toda a rede intersetorial, traduzindo-se, muitas vezes, num comportamento esquivo.
Além disso, os profissionais se depararam com pessoas que mantêm endereço fixo, mas trabalham e/ou passam a maior parte do tempo na rua, com laços familiares e de trabalho frágeis e precários, devido ao uso e abuso de drogas. Tais constatações desencadearam outras frentes de trabalho e ações profissionais que se endereçam à problemática contemporânea do uso de drogas.
Atualmente, a CasaViva divide suas ações em duas perspectivas: a primeira, alinhada à reforma psiquiátrica, que põe fim ao histórico de maus tratos dentro dos hospitais psiquiátricos, supostamente responsáveis pelo cuidado de pessoas com transtornos mentais, mas que promoveram a barbárie para com seus usuários num passado próximo. Assim, temos hoje, como resultado de um convênio firmado em 2009 com a Secretaria de Saúde e sob determinação do Ministério da Saúde, seis casas sob nossa administração, seis residências terapêuticas onde vivem moradores psicóticos com longo histórico de internação hospitalar. Com o fim dos hospitais, as residências terapêuticas compõem, junto com os Centros de Atenção Psicossociais, com o Departamento de Saúde Mental e com a Atenção Primária à Saúde a rede substitutiva de atenção, promoção e cuidado com o cidadão psicótico.
A segunda perspectiva de ação institucional se concretiza, então, na mobilização de equipes multidisciplinares para o tratamento dos usuários de drogas, contando com um escopo atual de cinco projetos distintos, destinados à ações plurais que abarcam as toxicomanias. Tais projetos se legitimam através de parceria com o Estado, sob a determinação legal de Convênios com as três esferas governamentais. Além da continuidade do Projeto de Redução de Danos junto à Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), contamos ainda com a execução do Consultório na Rua (Ministério da Saúde/Atenção Primária à Saúde-PJF) desde 2011 e com o Território Aliança, em exercício desde 2012.
Além destes, garantimos o acesso diferenciado deste mesmo público ao serviço de Assistência Social, tratando das vulnerabilidades, da reconstrução dos vínculos familiares e da ruptura com o laço social, com frequentes encaminhamento para as Unidades de Atendimento Primário à Saúde (UAPSs), através de convênio firmado desde 2008 com a Secretaria de Desenvolvimento Social (PJF). Mais recentemente, ao final de 2013, a Associação CasaViva estabeleceu Termo de Parceria inédito com a Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais (Segurança Pública), para execução de grupos reflexivos com usuários em regime de cumprimento de penas e medidas alternativas, com intermediações da Central de Acompanhamento de Penas e Medidas Alternativas de Juiz de Fora (CEAPA).

segunda-feira, 28 de abril de 2014

AÇÕES ESTATUTÁRIAS

A recente reestruturação institucional resgata os pressupostos que norteiam as ações da CasaViva, quais sejam: 

  • Promover e consolidar o exercício da cidadania das pessoas com problemas de natureza mental, uso de drogas, portadores de doenças infecto-contagiosas, profissionais do sexo, homossexuais e toda a rede de interação social destas populações, inclusive crianças e adolescentes, assim como as demais populações que sofrem preconceitos, estigmas, discriminação e marginalização por meio de atividades sociais, econômicas, políticas, culturais, de saúde e de direitos humanos.
  • Estimular ações e práticas alternativas aos atuais modelos de abordagem e tratamento das questões associadas ao público alvo.
  • Fomentar ações e projetos que ofereçam respostas mais efetivas às necessidades econômicas, de moradia, estudo, saúde, trabalho, lazer e cultura.
  • Realizar estudos e pesquisas próprias e em convênio com outras instituições, a produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
  • Realizar debates, simpósios, conferências, cursos, capacitações, seminários, fóruns e atividades afins valorizando a educação permanente no campo de saúde, da assistência social, políticas públicas, cultura, educação e direitos humanos.
  • Contribuir para a transformação da cultura que tende a estigmatizar, excluir e marginalizar seus beneficiários.
  • Promover a ética, a cidadania, os direitos humanos, a democracia e outros valores universais que contribuam com a emancipação humana.
  • Contribuir ativamente na legislação garantindo os direitos civis da população alvo e da instituição.
  • Desenvolver ações orientadas a fortalecer a organização e a auto-gestão de seus beneficiários.
  • Promover atividades de reeducação profissional e/ou terapia ocupacional a seus beneficiários, através de ações integradas, contratos e/ou convênios com entidades públicas, privadas, não governamentais ou cooperativas.
  • Promoção da geração de trabalho e renda por meio de programas executados entre a população beneficiária.
  • Realizar venda de produtos artesanais, produzidos pela população beneficiária, assim como de produtos promocionais e/ou produtos direcionados para a consecução das finalidades previstas.
  • Desenvolver atividades assistenciais.
  • Promover a melhoria da qualidade de vida de seus beneficiários.
  • Prestar serviços de assessoria a órgãos públicos, não governamentais e privados.
  • Formalizar contratos de auditoria, consultorias, assessorias e de parcerias com empresas do setor público, privado ou do terceiro setor.

    Promover intercâmbio com organismos e/ou redes que favoreçam o cumprimento e/ou possuam atividades relacionadas.